terça-feira, 17 de setembro de 2013

A RELIGIÃO NO SÉCULO XXI


A RELIGIÃO NO SÉCULO XXI

Se hoje não precisamos mais professar a redução de tudo à produção material da vida – embora esse produzir seja sempre o fundamento do saber e da cultura – nem mais persiste a antiga oposição radical entre fé e razão, é possível afirmar, sem constrangimento, que a religião e as religiões ocupam lugar relevante entre as grandes questões do século XXI.

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André Malraux (1901-1976) afirmava que o século XX viveu sob o domínio das ideologias seculares. Mas, no dizer de um biógrafo, ele predizia: “o século XXI será religioso”. Teria ele razão?

Muito antes do fatídico 11 de setembro (destruição das torres do World Trade Center por um ato terrorista), que desencadeou uma avalanche de reflexões e análises, sob prisma religioso – mal radical - fator Deus, fundamentalismo em luta, choque de civilizações -, cientistas de diferentes áreas vinham notando e admitindo que a virada do século e do milênio carregava marcas inegáveis de uma explosão do sagrado, em escala mundial.

Outro notável prenúncio da “onda do retorno” vem surpreendentemente, de Martin Heidegger, em entrevista que concedera à revista alemã Der Spiegel, em 1964, com condição de ser publicada só depois de sua morte. A entrevista só veio à luz em 1974 e apareceu em português, no Caderno Valor de 28-30 de setembro de 2001.

Respondendo ao entrevistador do periódico, Heidegger se mostrou extremamente preocupado frente a um movimento mundial “que está fomentando a criação de um Estado tecnológico, ou até já criou."


Para o entrevistado, “a filosofia não poderá conseguir uma mudança do atual estado do mundo. Isto não vale apenas para a filosofia, mas para todos os sentidos e costumes humanos.” E pronuncia uma sentença que soa parodoxal no discurso do filósofo do Ser e Tempo: “Somente um Deus pode nos salvar! A única alternativa que nos resta é preparar, no pensamento e na poesia, uma disposição para a aparição desse Deus, ou aceitar a ausência deste Deus no declínio; aceitar que estamos sucumbindo na presença deste Deus ausente.”

Perguntado sobre a possibilidade de “chamar este Deus através do pensamento”, Heidegger responde pela negativa: “o máximo que podemos fazer – diz ele – é despertar a disposição de esperá-lo. O preparo da disposição deveria ser a primeira ajuda.

O mundo não pode existir por meio do homem, mas também não pode existir sem ele; isto depende do fato de que aquilo que chamo de “o Ser” – hoje em dia um clichê – precisa do homem para sua revelação, defesa e configuração.”

QUEIROZ, José J. Pensar a religião nas sendas do novo século. In ROMÂO, José E; OLIVEIRA, José E. Questões do século XXI. São Paulo: Cortez, 2003. p. 68-72 (Coleção Questões da Nossa Época)

         CANTIGA POR UM ATEU - Padre Zezinho

                              

                                    
                    Quando eu quero falar com Deus

                                        

Por: Elizabete Jackowski Moresco

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