Um novo estudo mostra que o hábito de consumir álcool para "afogar as mágoas" e aliviar o estresse pode ser uma porta de entrada para o alcoolismo para pelo menos um tipo de pessoa: aquelas com sintomas de ansiedade.
Poucas pesquisas sustentavam essa relação de causa e consequência até agora. Fazendo acompanhamento de saúde e entrevistas com mais de 34 mil pessoas nos EUA, cientistas concluíram que pessoas com problemas como transtorno de pânico ou fobias são especialmente vulneráveis a esse fator de risco.
Pacientes que praticavam o consumo "terapêutico" de bebidas alcoólicas (ou de qualquer outro tipo de droga) contra a ansiedade aumentaram de três a seis vezes o risco de dependência.
Na pesquisa, feita na Universidade de Manitoba (Canadá), 12,6% das pessoas com transtornos de ansiedade desenvolveram alguma forma de alcoolismo após usar a bebida como alívio.
Daqueles que tinham ansiedade, mas não praticavam "automedicação de sintomas com álcool", apenas 4,7% tiveram o problema.
"A análise sugere que 15,9% dos diagnósticos incidentes de transtornos do álcool nessa população podem ser atribuídos à automedicação com álcool", afirmam James Bolton e seus colegas, autores de um estudo publicado na revista "Archives of General Psychiatry".
Um outro efeito perverso foi o de que a dependência de álcool ou outras drogas agiu contra a melhora de sintomas de ansiedade a longo prazo. Atuando apenas de forma paliativa e circunstancial, a automedicação tinha uma tendência a se tornar vício.
O abuso de álcool e drogas foi particularmente alto como fator de risco para um tipo específico de transtornos de ansiedade: a fobia social.
Esse é o nome dado ao pavor de interação com outros por medo de reprovação, passar vergonha em público, humilhação etc.
"Uma possível explicação para isso é que a má aceitação social do uso de drogas pode criar um desejo de evitar contato social", afirma Bolton. "Outra é que esses indivíduos já tivessem uma fobia social abaixo do limiar [de diagnóstico], que foi exacerbada pelo uso de drogas."
Segundo o pesquisador, o transtorno de ansiedade acompanhado de dependência também é mais difícil de tratar, porque a abstinência pode provocar uma intensificação dos sintomas que são típicos da ansiedade.
"Ao identificar um comportamento real ou potencial de automedicação, os médicos podem trabalhar para prevenir o surgimento simultâneo da comorbidade [ansiedade ligada ao alcoolismo] em certos pacientes", diz.
RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON
Fonte: Folha.com
Poucas pesquisas sustentavam essa relação de causa e consequência até agora. Fazendo acompanhamento de saúde e entrevistas com mais de 34 mil pessoas nos EUA, cientistas concluíram que pessoas com problemas como transtorno de pânico ou fobias são especialmente vulneráveis a esse fator de risco.
Pacientes que praticavam o consumo "terapêutico" de bebidas alcoólicas (ou de qualquer outro tipo de droga) contra a ansiedade aumentaram de três a seis vezes o risco de dependência.
Na pesquisa, feita na Universidade de Manitoba (Canadá), 12,6% das pessoas com transtornos de ansiedade desenvolveram alguma forma de alcoolismo após usar a bebida como alívio.
Daqueles que tinham ansiedade, mas não praticavam "automedicação de sintomas com álcool", apenas 4,7% tiveram o problema.
"A análise sugere que 15,9% dos diagnósticos incidentes de transtornos do álcool nessa população podem ser atribuídos à automedicação com álcool", afirmam James Bolton e seus colegas, autores de um estudo publicado na revista "Archives of General Psychiatry".
CÍRCULO VICIOSO
O abuso de álcool e drogas foi particularmente alto como fator de risco para um tipo específico de transtornos de ansiedade: a fobia social.
Esse é o nome dado ao pavor de interação com outros por medo de reprovação, passar vergonha em público, humilhação etc.
"Uma possível explicação para isso é que a má aceitação social do uso de drogas pode criar um desejo de evitar contato social", afirma Bolton. "Outra é que esses indivíduos já tivessem uma fobia social abaixo do limiar [de diagnóstico], que foi exacerbada pelo uso de drogas."
Segundo o pesquisador, o transtorno de ansiedade acompanhado de dependência também é mais difícil de tratar, porque a abstinência pode provocar uma intensificação dos sintomas que são típicos da ansiedade.
"Ao identificar um comportamento real ou potencial de automedicação, os médicos podem trabalhar para prevenir o surgimento simultâneo da comorbidade [ansiedade ligada ao alcoolismo] em certos pacientes", diz.
RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON
Fonte: Folha.com
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